Song | Haiti |
Artist | Caetano Veloso |
Album | Antologia 67/03 |
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Quando você for convidado pra subir no adro da | |
Fundação Casa de Jorge Amado | |
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos | |
Dando porrada na nuca de malandros pretos | |
De ladrões mulatos | |
E outros quase brancos | |
Tratados como pretos | |
Só pra mostrar aos outros quase pretos | |
(E são quase todos pretos) | |
E aos quase brancos pobres como pretos | |
Como é que pretos, pobres e mulatos | |
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados | |
E não importa se olhos do mundo inteiro possam | |
Estar por um momento voltados para o largo | |
Onde os escravos eram castigados | |
E hoje um batuque, um batuque com a pureza de | |
meninos uniformizados | |
De escola secundária em dia de parada | |
E a grandeza épica de um povo em formação | |
Nos atrai, nos deslumbra e estimula | |
Não importa nada | |
Nem o traço do sobrado, nem a lente do Fantástico | |
Nem o disco de Paul Simon | |
Ninguém | |
Ninguém é cidadão | |
Se você for ver a festa do Pelô | |
E se você não for | |
Pense no Haiti | |
Reze pelo Haiti | |
O Haiti é aqui | |
O Haiti não é aqui | |
E na TV se você vir um deputado em pânico | |
Mal dissimulado | |
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo | |
Qualquer qualquer | |
Plano de educação | |
Que pareça fácil | |
Que pareça fácil e rápido | |
E vá representar uma ameaça de democratização | |
do ensino de primeiro grau | |
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital | |
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto | |
E nenhum no marginal | |
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual | |
Notar um homem mijando na esquina da rua | |
sobre um saco brilhante de lixo do Leblon | |
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina | |
Cento e onze presos indefesos | |
Mas presos são quase todos pretos | |
Ou quase pretos | |
Ou quase brancos quase pretos de tão pobres | |
E pobres são como podres | |
E todos sabem como se tratam os pretos | |
E quando você for dar uma volta no Caribe | |
E quando for trepar sem camisinha | |
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba | |
Pense no Haiti | |
Reze pelo Haiti | |
O Haiti é aqui | |
O Haiti não é aqui |
Quando voc for convidado pra subir no adro da | |
Funda o Casa de Jorge Amado | |
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos | |
Dando porrada na nuca de malandros pretos | |
De ladr es mulatos | |
E outros quase brancos | |
Tratados como pretos | |
So pra mostrar aos outros quase pretos | |
E s o quase todos pretos | |
E aos quase brancos pobres como pretos | |
Como e que pretos, pobres e mulatos | |
E quase brancos quase pretos de t o pobres s o tratados | |
E n o importa se olhos do mundo inteiro possam | |
Estar por um momento voltados para o largo | |
Onde os escravos eram castigados | |
E hoje um batuque, um batuque com a pureza de | |
meninos uniformizados | |
De escola secunda ria em dia de parada | |
E a grandeza e pica de um povo em forma o | |
Nos atrai, nos deslumbra e estimula | |
N o importa nada | |
Nem o tra o do sobrado, nem a lente do Fanta stico | |
Nem o disco de Paul Simon | |
Ningue m | |
Ningue m e cidad o | |
Se voc for ver a festa do Pel | |
E se voc n o for | |
Pense no Haiti | |
Reze pelo Haiti | |
O Haiti e aqui | |
O Haiti n o e aqui | |
E na TV se voc vir um deputado em p nico | |
Mal dissimulado | |
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo | |
Qualquer qualquer | |
Plano de educa o | |
Que pare a fa cil | |
Que pare a fa cil e ra pido | |
E va representar uma amea a de democratiza o | |
do ensino de primeiro grau | |
E se esse mesmo deputado defender a ado o da pena capital | |
E o venera vel cardeal disser que v tanto espi rito no feto | |
E nenhum no marginal | |
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual | |
Notar um homem mijando na esquina da rua | |
sobre um saco brilhante de lixo do Leblon | |
E quando ouvir o sil ncio sorridente de S o Paulo diante da chacina | |
Cento e onze presos indefesos | |
Mas presos s o quase todos pretos | |
Ou quase pretos | |
Ou quase brancos quase pretos de t o pobres | |
E pobres s o como podres | |
E todos sabem como se tratam os pretos | |
E quando voc for dar uma volta no Caribe | |
E quando for trepar sem camisinha | |
E apresentar sua participa o inteligente no bloqueio a Cuba | |
Pense no Haiti | |
Reze pelo Haiti | |
O Haiti e aqui | |
O Haiti n o e aqui |
Quando voc for convidado pra subir no adro da | |
Funda o Casa de Jorge Amado | |
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos | |
Dando porrada na nuca de malandros pretos | |
De ladr es mulatos | |
E outros quase brancos | |
Tratados como pretos | |
Só pra mostrar aos outros quase pretos | |
E s o quase todos pretos | |
E aos quase brancos pobres como pretos | |
Como é que pretos, pobres e mulatos | |
E quase brancos quase pretos de t o pobres s o tratados | |
E n o importa se olhos do mundo inteiro possam | |
Estar por um momento voltados para o largo | |
Onde os escravos eram castigados | |
E hoje um batuque, um batuque com a pureza de | |
meninos uniformizados | |
De escola secundá ria em dia de parada | |
E a grandeza é pica de um povo em forma o | |
Nos atrai, nos deslumbra e estimula | |
N o importa nada | |
Nem o tra o do sobrado, nem a lente do Fantá stico | |
Nem o disco de Paul Simon | |
Ningué m | |
Ningué m é cidad o | |
Se voc for ver a festa do Pel | |
E se voc n o for | |
Pense no Haiti | |
Reze pelo Haiti | |
O Haiti é aqui | |
O Haiti n o é aqui | |
E na TV se voc vir um deputado em p nico | |
Mal dissimulado | |
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo | |
Qualquer qualquer | |
Plano de educa o | |
Que pare a fá cil | |
Que pare a fá cil e rá pido | |
E vá representar uma amea a de democratiza o | |
do ensino de primeiro grau | |
E se esse mesmo deputado defender a ado o da pena capital | |
E o venerá vel cardeal disser que v tanto espí rito no feto | |
E nenhum no marginal | |
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual | |
Notar um homem mijando na esquina da rua | |
sobre um saco brilhante de lixo do Leblon | |
E quando ouvir o sil ncio sorridente de S o Paulo diante da chacina | |
Cento e onze presos indefesos | |
Mas presos s o quase todos pretos | |
Ou quase pretos | |
Ou quase brancos quase pretos de t o pobres | |
E pobres s o como podres | |
E todos sabem como se tratam os pretos | |
E quando voc for dar uma volta no Caribe | |
E quando for trepar sem camisinha | |
E apresentar sua participa o inteligente no bloqueio a Cuba | |
Pense no Haiti | |
Reze pelo Haiti | |
O Haiti é aqui | |
O Haiti n o é aqui |