Afasto de ti, com raiva surda O corpo, as mãos, o pensamento E apago, secreta, uma a uma As velas acesas do teu vento Liberta, ponho o corpo em seu lugar Visto a cidade, penteio um rio sedento Penso que ganho e fujo, e não entendo Penso que durmo, mas não consigo tempo E cede-se o vazio sobre o meu ventre E segue-se a saudade em seu sustento E digo este meu vício dos teus olhos De um verde tão lento, muito lento Se penso que te deixo, já te quero Se pensas que recuso, já te anseio Se penso que te odeio, já te espero E torno a oferecer-te o que receio Se penso que me calo, já te grito Se penso que me escondo, já me ofereço Se penso que não sinto, é porque minto Se penso que me olhas, já estremeço E digo este meu vício dos teus olhos Se penso que me olhas, eu estremeço