Eu hei-de ser das cerejas Da vertigem dos cardumes Do mistério dos pardais; Hei-de ser o que tu sejas Aquilo a que te resumes As orações naturais Eu hei-de ser vento norte Rir-me na cara da morte A dança do colibri Mas hei-de ser do meu peito Desta dor com que me deito Só porque me dói de ti Eu hei-de ser das cerejas Do luar na primavera Labirinto do prazer Hei-de ser o que desejas Que por ti sabes que espera Enquanto a lua quiser Eu hei-de nascer do nada Como a papoila encarnada Que nada fez por nascer Hei-de nascer tua amada Sem uma razão nem nada Mas só porque tem de ser